Exposição
O uretano tem vindo a ser encontrado em alimentos, nomeadamente aqueles que sofrem um processo de fermentação, como a cerveja, pão, vinho, molho de soja, iogurte, entre outros. A exposição ocupacional a este composto pode ocorrer através da inalação de partículas de poeira e por contacto dérmico em locais de trabalho onde é produzido ou utilizado. Assim, a população em geral é maioritariamente exposta ao uretano por meio da ingestão de alimentos fermentados e bebidas alcoólicas [1], [2], [3].

Destilarias antigas
Assumindo que o pão é a principal fonte de ingestão de uretano, é estimado uma média de cerca de 10 a 20 ng/kg de peso corporal deste composto no pão. O pão torrado aumenta duas a três vezes a concentração do uretano no mesmo, e a adição de um copo de vinho de mesa (200-300 mL) à dieta normal pode triplicar a ingestão deste composto. O uretano é também um constituinte natural do tabaco e está presente no fumo do mesmo, pelo que está presente no dia-a-dia da população. Para além disso, os consumidores de têxteis poderão também estar expostos a resíduos de uretano nestes mesmos produtos [4].
A Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives (JECFA) estimou em 2006 que a ingestão deste composto na comida ronda os 15 ng/kg de peso corporal por dia, e no consumo de grandes quantidades de comida e bebidas alcoólicas ronda os 80 ng/kg de peso corporal por dia [5].
A exposição ao uretano pode afetar o sistema nervoso central, fígado, rins e pode causar a supressão da medula óssea.
Esta exposição aguda tem como sintomas vómitos, coma ou hemorragias. Não há informação acerca dos efeitos de uma exposição crónica (durante um longo tempo) ao uretano no Homem. Um aumento da incidência de tumores pulmonares foi observado em ratinhos que foram expostos ao carbamato de etilo por exposição oral ou por inalação [1], [2], [3].
Este composto é tóxico por ingestão, é perigoso se for inalado ou absorvido pela pele, podendo causar irritação. Quando aquecido emite fumos tóxicos de monóxido de carbono, dióxido de carbono e óxidos de azoto [1], [2], [6].
Da exposição ocupacional, o carbamato de etilo pode ser libertado para o ambiente em forma de vapor, sendo depois este degradado na atmosfera pela ação de radicais livres. No entanto, esta degradação demora cerca de 17 horas, pelo que é possível que haja alguma exposição a este composto por parte da população. Se o carbamato de etilo for libertado para a água, pensa-se que este seja biodegradado facilmente, não sendo provável a sua bioconcentração no meio aquático; se for libertado para os solos, a biodegradação deste composto é dependente da sua concentração inicial: se os níveis forem baixos, o uretano degrada-se facilmente, mas se os níveis forem altos, pode ser tóxico para os microrganismos e degrada-se lentamente [4], [7].
A Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC) classificou inicialmente o carbamato de etilo no Grupo 2B, possivelmente cancerígeno para os seres humanos [1], [2], [3]. Contudo, desde 2010 está inserido no Grupo 2A: O agente é provavelmente cancerígeno para o Homem, devido ao surgimento de novos estudos [8].
[1] Kim, S., et al., PubChem Substance and Compound databases. Nucleic Acids Res, 2016. 44(D1): p. D1202-13.
[2] Database, N.C.f.B.I.P.C. CID=5641. 2016-04-02 [cited 2016 March]; Available from: https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/5641.
[3] Medicine, N.L.o. ETHYL CARBAMATE. [cited 2016 7 March]; Available from: http://toxnet.nlm.nih.gov/cgi-bin/sis/search2/f?./temp/~wWl3Ve:3.
[4] NTP, Urethane, in Report on Carcinogens, Thirteenth Edition. 2014.
[5] WHO. Evaluations of the Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives (JECFA) - ETHYL CARBAMATE. [cited 2016 16 March]; Available from: http://apps.who.int/food-additives-contaminants-jecfa-database/chemical.aspx?chemID=5199.
[6] Haz-Map. Urethane. [cited 2016 12 March]; Available from: https://hazmap.nlm.nih.gov/category-details?table=copytblagents&id=2032.
[7] Humans, I.W.G.o.t.E.o.C.R.t., Alcohol consumption and ethyl carbamate. IARC Monogr Eval Carcinog Risks Hum, 2010. 96: p. 3-1383.
[8] IARC. IARC MONOGRAPHS ON THE EVALUATION OF CARCINOGENIC RISKS TO HUMANS. [cited 2016 12 March]; Available from: http://monographs.iarc.fr/ENG/Classification/latest_classif.php.
Órgãos afetados pelo carbamato de etilo
