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Como reduzir a exposição?

   A preocupação de saúde pública em relação aos níveis de carbamato de etilo nos alimentos, e especialmente nas bebidas alcoólicas, começou em 1985 quando autoridades do Canadá detetaram níveis elevados deste composto em bebidas alcoólicas, principalmente em bebidas espirituosas importadas da Alemanha. Consequentemente, o Canadá estabeleceu limites para este composto: 30 µg/L para vinhos de mesa, 100 µg/L para vinhos fortificados, 150 µg/L para bebidas destiladas e 400 µg/L para aguardentes. Estas “guidelines” foram depois adotadas por diversos países. O Codex Alimentarius não dá normas específicas para o carbamato de etilo em alimentos [1]. Na União Europeia não há ainda harmonização sobre os limites máximos para este composto [2].
     No entanto, o principal objetivo é que os níveis de contaminantes, como o carbamato de etilo, seja tão baixo quanto razoavelmente possível e que a contaminação possa ser reduzida através da aplicação de tecnologia adequada na produção, manuseamento, armazenamento, processamento e acondicionamento de alimentos [1].
   Assim, muitas ações de prevenção para evitar a formação de carbamato de etilo em alimentos e bebidas alcoólicas têm vindo a ser propostas, nomeadamente ao nível do processo de fermentação (reduzindo a formação de cianeto, por exemplo). Para além disso, medidas de boas práticas de fabrico em destilarias, tais como o uso de matérias-primas de qualidade, elevados padrões de higiene durante a fermentação e armazenamento dos produtos, entre outros, têm vindo a ser implementadas para diminuir ao máximo os níveis deste composto nos seus produtos. Para evitar a libertação de cianeto durante o processo fermentativo, é essencial minimizar a exposição à luz e diminuir o tempo de armazenagem, e também tem sido proposto adicionar enzimas para decompor o cianeto ou sais de cobre para precipitar o mesmo [1].
     A própria investigação científica sobre a presença de uretano nos alimentos ao longo dos últimos anos levou a uma redução significativa dos níveis deste composto em diversos produtos. O uso de aditivos que poderão ter precursores do carbamato de etilo foram proibidos na maioria dos países e apenas as pequenas destilarias que não introduziram tecnologias avançadas e as boas práticas de fabrico é que permanecem um problema no controlo dos níveis deste composto nos seus produtos [1].
     Para além de tudo isto, ao nível da exposição ocupacional a este composto é importante implementar medidas de controlo, nomeadamente do ar, pois uma concentração prejudicial de partículas deste composto na atmosfera pode ser alcançada rapidamente [3], [4]. Assim, é importante usar proteção respiratória, bem como ocular, luvas de proteção para evitar o contato com a pele e não se deve iniciar qualquer chama, uma vez que o carbamato de etilo é combustível  [3], [4], [5], [6]. Deve-se também, ao nível da indústria, minimizar o risco de libertação de vapores de carbamato de etilo para o ambiente, bem como de produtos residuais que atinjam cursos de água e o solo, devendo estes serem tratados como resíduos químicos, sujeitos a regulamentação (tendo em conta o país onde se está) [7].
 
 
 
 
 
 
 
 
[1] Humans, I.W.G.o.t.E.o.C.R.t., Alcohol consumption and ethyl carbamate. IARC Monogr Eval Carcinog Risks Hum, 2010. 96: p. 3-1383.
[2] EFSA, Ethyl carbamate and hydrocyanic acid in food and beverages. The EFSA Journal, 2007. 551: p. 1-44.
[3] Kim, S., et al., PubChem Substance and Compound databases. Nucleic Acids Res, 2016. 44(D1): p. D1202-13.
[4] Database, N.C.f.B.I.P.C. CID=5641. 2016-04-02 [cited 2016 March]; Available from: https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/5641.
[5] IPCS. ETHYL  CARBAMATE.  [cited 2016 7 March]; Available from: http://www.inchem.org/documents/icsc/icsc/eics0314.htm.
[6] NIOSH. ETHYL CARBAMATE. July 1, 2014 [cited 2016 7 March]; Available from: http://www.cdc.gov/niosh/ipcsneng/neng0314.html.
[7] Medicine, N.L.o. HSDB: ETHYL CARBAMATE.  [cited 2016 7 March]; Available from: http://toxnet.nlm.nih.gov/cgi-bin/sis/search2/r?dbs+hsdb:@term+@rn+@rel+51-79-6.

Medidas de proteção

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Toxicologia Mecanística no ano letivo 2015/2016 do Curso de Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP). Este trabalho tem a responsabilidade pedagógica e científica do Prof. Doutor Fernando Remião (remiao@ff.up.pt) do Laboratório de Toxicologia da FFUP.

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